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Cidades inteligentes: tecnologias e planejamento podem ajudar na redução de congestionamentos

Pensar as cidades para as pessoas e colocar, no centro da preocupação, a questão da mobilidade é algo apontado como essencial, por especialistas, para melhorar a qualidade de vida nos grandes centros urbanos. E, segundo eles, o foco das ações não deve estar na construção de novas rodovias ou ampliação de espaços para os carros, mas sim em um sistema eficiente de transporte público.

"A cidade, para ser mais inteligente, tem que ter planejamento estratégico. Isso significa priorizar o que é mais crítico, integrar todos os seus ambientes, otimizar serviços e operações, além de ter interlocução com o cidadão", diz o gerente de Novas Tecnologias da IBM, uma das maiores empresas de tecnologia e informação do mundo, César Taurion. E as novas ferramentas, para ele, devem ser colocadas a serviço desses objetivos: "Não é possível mais que haja apenas o monitoramento do trânsito em tempo real. É preciso prevenir este tipo de transtorno", reforça.

Ele explicou que, em Cingapura, um sistema implantado permite a previsão de congestionamentos, possível por meio de sensores que detectam a quantidade de veículos trafegando em determinadas regiões. Eles ativam dispositivos eletrônicos capazes, por exemplo, de alterar o tempo dos sinais, e evitar que o trânsito pare. "Não é somente abrindo viaduto que se resolve congestionamentos. Temos que colocar a tecnologia para nos ajudar", completa.

O urbanista, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Carlos Leite, vai mais longe e defende uma reorganização dos espaços urbanos. "Os núcleos devem ser multifuncionais, para que as pessoas morem, trabalhem e se divirtam em distâncias mais curtas. Isso evita deslocamentos por longas distâncias, perda de tempo, congestionamentos e aumenta a qualidade de vida". Ele também reforça que é preciso que o governo federal disponibilize recursos para investimento em mobilidade, com mais qualidade e sustentabilidade nos meios de transporte, e que as áreas públicas sejam, também, mais acolhedoras para os pedestres.

Mas, como não dá para esperar por mudanças complexas e que podem levar décadas, o presidente da Comissão Técnica de Meio Ambiente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros (ANTP), Eduardo Vasconcellos, diz que o jeito é envolver a sociedade, as organizações não governamentais e órgãos de saúde (prejudicados pelo trânsito caótico nas cidades em razão dos acidentes). Ele sustenta que "temos que retomar os espaços públicos, desprivatizar o uso das vias, antecipar os Planos de Mobilidade para mudar o sistema de trânsito, melhorar a forma de andar e de usar o transporte público e restringir o uso inadequado do automóvel".

O tema foi discutido durante o 19º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado em Brasília entre 8 e 10 de outubro.

A questão energética:

Debater uma mobilidade urbana mais eficiente significa debater, também, a redução da emissão de poluentes e do consumo energético. Hoje, 92% de todo o transporte no Brasil é rodoviário e 81% do combustível utilizado nos veículos é de origem fóssil. Segundo estudos do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o transporte consome 28% de toda energia no Brasil.

Novas tecnologias prometem trazer soluções para estes problemas. Elas passam por substituição de fontes energéticas, equipamentos que reduzem o consumo e novos modais que provocam menos impactos ao meio ambiente. Porém, conforme o pesquisador da Coppe, Márcio de Almeida D'Agosto, algumas medidas podem ser adotadas para promover melhorias a curto prazo: "Reduzir a intensidade do transporte individual e migrar para o transporte coletivo, aumentar a velocidade deste transporte e utilizar produtos que já estão disponíveis no mercado, como o biocombustível e veículos híbridos – elétricos e movidos a combustível – podem promover uma redução significativa das emissões de poluentes e no consumo energético".

Mas, para os próximos anos, é preciso definir estratégias para o setor. Na avaliação do gerente de Operações e Mobilidade da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Guilherme Wilson, "precisamos saber o que desejamos alcançar, para que os governos tomem decisões com planejamento e com foco em um objetivo". Para ele, a iniciativa deve partir do governo federal, com a definição de uma política energética clara, que acompanhe o desenvolvimento de novas tecnologias.

Fonte: Natália Pianegonda - Agência CNT de Notícias

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